Trabalhar de onde você desejar. Na sala, no quarto, na praia, na montanha, na beira de um rio. Sim, isso é possível. E talvez seja uma das grandes vantagens do home-office. A questão é que nem todos se adaptam. A chegada desta “louca doença” deixou milhares, no primeiro mês, sem saber o que fazer. Ou, como fazer! Principalmente àqueles que não saboreiam a vida e que precisam seguir o relógio, mesmo que tenham uma folguinha de minutos. Obviamente, outros tantos não tinham estrutura física para realizar tal tarefa de casa, ou de onde quisesse. Muitos, empreendedores e colaboradores, ficaram atordoados. É fato. Primeiro, por ter que sair da zona de conforto e tomar uma atitude. Segundo, por imaginar como seria o “acompanhamento” de que tal tarefa estaria sendo feita. Ora, os tempos mudaram. E faz tempo.
Ocorre que muitos estavam tão acostumados a uma rotina maluca, na ânsia de mostrar responsabilidades, que esqueceram de si. O antigo hábito, para não mencionar outros termos, nos deu uma visão de mundo totalmente diferente do que ele realmente é. Acordar, trabalhar, comer, trabalhar, comer, dormir. E no dia seguinte, tudo de novo, sem tempo pra nada, nem para um respiro no sol. Nem mesmo para prestar a atenção no que teu colega ou amigo está te dizendo. Não dava tempo. As mil tarefas que se acumularam tomavam conta do relógio. Mundo louco que chegamos, né?
Passado mais de sete meses, hoje encontramos realidades muito diferentes. A criatividade dos brasileiros é vista por meio das “proteções no rosto” (aliás, muitas são maravilhosas) que somos obrigados a utilizar, se quisermos colocar o pé fora de casa. Mas o dia a dia já não é mais o mesmo. E quem insistir nisso, em fazer mais do mesmo, poderá sentir olhares até estranhos. Por outro lado, a convivência em casa aumentou. As pessoas, por incrível que possa parecer, aprenderam a conhecer de fato àqueles que residem no mesmo teto e muitas avaliações, análises e conclusões foram sendo tomadas.
Afirmar que se tem consciência plena de tudo que está acontecendo seria uma ousadia. Muito está a mudar. A relação humana chegou ao ponto máximo, demonstrando a importância do agora, da valorização deste tempo, do reforço necessário e urgente de sentimentos como compaixão, compreensão, fé, carinho e, principalmente, amor. Que tenhamos muito amor para oferecer, lá do fundo da alma. Lembrando que as energias que emanamos são as bases da lei do retorno, de tudo.
Ana De Zotti
Jornalista