Num momento estranho, em que provavelmente nenhum de vocês (assim como eu) que está lendo este texto tenha vivido algo semelhante, me vejo fazendo o que mais amo, escrever. Desde quando era muito pequena, era disso que gostava. Com o tempo, fui conhecendo e aprendi que a profissão de jornalista poderia me trazer prazer: trabalhar com lazer. Dizem os mais entendidos que quando a gente ama o que faz, não é trabalho. Então, assim penso até hoje.
A responsabilidade, a seriedade e o compromisso com que informo, por meio da minha profissão, são conceitos que trouxe de casa. E só se aprimorou ainda mais, com meu marido, que também era jornalista, me proporcionando uma bagagem ainda maior de aprendizado. Hoje ele está ao lado de Deus Pai. Juntos aprendemos a amar, primeiro a cada um de nós mesmos, depois em dupla, depois em quarteto, e junto a eles, nossas famílias e nossos amigos. E sempre, SEMPRE, buscamos plantar o amor por onde passamos e com as pessoas com as quais tivemos a oportunidade de conviver. Sim, oportunidade. Cada um sempre tem algo a nos ensinar, a como seguir ou como não seguir a caminhada. A escolha é nossa.
Hoje, nestes dias em que estamos vendo e ouvindo uma enxurrada de informações, de notícias, neste mundo globalizado e repleto de ferramentas tecnológicas que nos oferecem milhares de possibilidades, com conhecidos espalhados pelo mundo e nos fornecendo dados reais e atuais, sinto, realmente, a falta de algo entre as pessoas. Empatia. Um sentimento que congrega afeição, emoção e, mais do que tudo, a capacidade de compreender o outro e, inclusive, se colocar no lugar dele.
Nem sempre conseguimos ajudar. Todos nós temos afazeres. Estamos sempre enfrentando desafios. O mundo daqui, na Terra, nos ensinou que é preciso trabalhar para recebermos algo em troca: uma remuneração, uma troca de produto/serviço. Só que nesta loucura de fazermos sempre isso, deixamos algo muito, mas muito importante, esquecido. Ou,… para depois! O mundo nos deu vários avisos, nos mostrou por um longo tempo, que precisávamos resgatar a relação humana, o carinho, a compreensão, o olhar para o outro, o amor.
Vivemos, agora, uma pandemia, de um vírus que está aí, invisível. Começou lá longe. Agora bate à nossa porta, sem pedir licença, sem perguntar idade, sexo, cor, raça, religião, clube pelo qual se torce ou se pertence a algum partido político. Incrível, né? Nada disso importa! Nada. Somos todos absolutamente iguais neste momento.
Pensamos em nossos trabalhos, serviços, empregos. Sim, claro que pensamos. Mas, o agora é para outra direção, é para doar-se, para, de fato, fazer brotar a empatia. Fazer o que não aprendemos durante anos e anos, enquanto tentaram nos ensinar. Além de pensar somente em nós, e naqueles que temos por perto, PRECISAMOS pensar no outro. Nos orientaram mundo afora, que se não ficarmos no nosso canto, podemos ser prejudicados, atingidos. E pior, atingir ao outro.
É chegado o momento de refletir, de orar, de pedir que os profissionais da saúde tenham força, coragem e lucidez para enfrentarmos juntos tudo isso. E tantos outros profissionais que têm tanta importância quanto à tua ou a minha atividade. Muitas pessoas tiveram que partir, ao redor do mundo, para que possamos entender isso tudo. É preciso também que nossos representantes na esfera maior de decisões, na área política, sejam iluminados para que busquem os melhores caminhos. E impressionante, temos que orar por eles sim! Louco, não? Caso contrário, cada um de nós vai ser atingido também. Precisamos TODOS estarmos juntos.
Que cada um de nós tenha compaixão, sabedoria, serenidade e calma, com esta distância social tão solicitada, tão necessária, para enfrentarmos tudo isso que hoje se apresenta na porta de casa. E que consigamos seguir em frente a caminhada, com muita luz. Que o grande arquiteto do universo abençoe a todos nós!
Ana De Zotti
Jornalista